segunda-feira, 20 de julho de 2009

Os sentimentos vazios de joão


Numa manhã nublada, João acordou, foi caminhando a passos lerdos até seu destino habitual, resolveu que iria passar algumas horas pela floresta, pois desde o seu ultimo sonho não havia ido lá. Sonho feliz aquele, era uma pena que não tinha se concretizado. Mas João não estava pensando nele, pois desde seu ultimo desencontro amoroso não sonhava mais, não se permitia pensar na Maria... Só trabalhava, estudava e ia ao cursinho naquela rua sem gosto e escura, assistia às aulas, mas não como quem assiste a um jogo de futebol, seus olhos caminhavam passivamente e não enxergavam razão em viver, e assim ele não esperava outrora nem vivia, existia apenas, encarando a vida como uma simples passagem de corpos sem amor, e não falava português por que no seu vocabulário não existia mais a saudade, há muito tempo também havia extinguido a esperança e com ela tantos sentimentos.
Embrenhou a floresta, como quem caminha sem destino numa tarde de chuva, foi aumentando a velocidade dos seus passos na medida em que o tempo se fechava, pois não queria se molhar e muito menos correr risco de pegar um resfriado, sem saber que direção seguir, e sem saber por que, olhou à sua direita e inesperadamente avistou a cabana do sonho, então de súbito todos os retratos antigos se arrumaram, já não lembrava que se atrasaria para a aula se não saísse logo dali, mas o único desejo que lhe veio à tona foi correr o mais depressa possível, não poderia permitir que a floresta brincasse com ele novamente escondendo o casebre, guardou todo seu cansaço e o deixou junto a sua mochila, sem saber ao certo como chegar, deixou ser guiado quase que pelo vento ou intuição, cinco minutos após já se encontrava a frente da cabana surreal, todavia esta não parecia muito convidativa, sua porta escura e entreaberta, com gosto de solidão, suas paredes tão esburacadas, e a cobertura advertindo que não demoraria a ruir, em nada se pareciam com a cabana idealizada por ele inconscientemente, nada havia de doces, infantil, nem ao menos bruxas, gnomos ou Marias...
Decidiu entrar assim mesmo fazendo um barulho perturbador, a sala pouco iluminada lembrava alguma coisa em seu sonho, e ao deixar a luz penetrar no canto inferior do recinto viu a lareira, que iluminava triste aquele ambiente sem sinal algum de vida, sentou-se no sofá pois o cansaço deixado por ele na mochila pareceu correr para ele naquele instante, extasiou-se ao olhar todo aquele ambiente, precário e belo, simples e rico em fantasias e lembranças surreais. Viu um relógio que já não funcionava, estatelado na marca de 5 horas, lembrou que em seu sonho havia o mesmo relógio, mais novo, mas com a mesma marcação de tempo.
Começou a observar achou um candeeiro e a sala pouco iluminada se tornou um recinto de luz, João que tinha desistido da vida, com tanta coincidência decidiu que esperaria por Maria dessa vez, alguns dias se passaram e no fim ele deixou que a esperança o abandonasse novamente, mas não foi embora da casa, havia encontrado nela uma paz e certo conforto tão incomum a ele, que achou que a casa guardava algum segredo, definiu que iria em casa pra pegar suas coisas, trancar o cursinho e se despedir do único amigo que tinha, mas logo um pensamento invadiu sua cabeça, se ela não o encontrasse? Ou ainda... se ele não conseguisse mais avistar a cabana?... Então num súbito relance talhou a canivete no chão de madeira bem em frente à entrada, João com Maria, Maria com João.
Duas semanas depois João voltou a floresta e a cabana se achava mais convidativa que da outra vez, por uma fração de segundos achou que Maria estaria lá dentro. Mas ao entrar guardou novamente sua esperança por dois anos, até que João cansou da vida e morreu.

escrito em: 05/09/07

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