segunda-feira, 20 de julho de 2009

a dor


É complicado lidar com as coisas, quando a gente descobre que pode conviver com a dor, ficar bem perto dela, sem esta incomodar tanto quanto antes. Agora eu já posso conversar, tocar e o mais importante sentir a dor... ela já não me destrói, já não mata, nem abre feridas. No entanto, traz aquela nostalgia aquele desejo dos dias felizes terem durado mais.
Sim, é estranho.. mas já tinha me acostumado de tal forma com a dor, que já podia até rir dela com coragem, sem medo de que ela me deixasse em prantos no resto do dia. E até o choro vinha sem medo de ser muito mais infeliz.
Mas um dia para-se pra pensar a razão em viver assim, com essa ponta de infelicidade escorrida, transbordando disfarçada pelo meu sorriso, então melhor começar 'tudo novo de novo, me jogar (de cabeça) onde já cai muitas vezes', percebo então que nada é capaz de consertar o estrago, mas percebo 'que eu gosto é do estrago'... Tem aquela frase super cliché 'cada pessoa ocupa um lugar na sua vida', e mesmo sendo lugar comum, eu concordo com ela.. quando uma pessoa sai, ela carrega consigo um pedacinho seu, mesmo que ela não perceba, ou que nem tenha desejado este seu pedaço... sim.. ela carrega seu melhor pedaço, é bem verdade que as pessoas são egoístas, então ela te deixa em cacos, e você percebe que precisa consertar os seus pedaços... É isso que eu me ocupo durante todo tempo, nesse desafio de voltar ao ponto de partida... logo descubro que é impossível não deixar emenda neste conserto.. então me sinto vazia de novo, sem sentido. É nessa etapa que você começa a tentar se levantar pra pelo menos suportar a dor, então aparentemente você está mais forte. eis que surge outra pessoa tão ou mais egoísta interessado em suas sobras, e você decide entregar acreditando que agora sim ficará completa. Doce engano! Logo essa completude vai se mostrar falsa também e você já estará de novo em cacos... no sentido bom ou no ruim. O que importa mesmo é que caros leitores eu acabo de descobrir que estou aos cacos (podem interpretar isso como desejarem), eu estou quebrada em pelo menos infinitos pedaços, que para o seu desespero (não o meu, eu não costumo me desesperar) são impossíveis de se juntar. Então eu descubro que depois de todas essas transformações, emendas (boas ou ruins), cada pedacinho de mim agora carrega uma VIDA, um lugar, um cantinho, um carinho, um eu diferente...que muda a cada pedaço partido (sim, eles se partem com mais frequência agora), a conclusão é que fica a cada dia mais difícil destruir estes micro pedacinhos quebrados (é como vidro, quanto maior mais frágil). Então tudo que consegue fixar nos meus cacos, se torna mais verdadeiro e mais sincero. Um dia quando ninguém, nem eu, conseguir destruir mais caco algum (porque eu já estarei estilhaçada), dai eu consigo alguém pra colar tudo de novo e jogar no chão, pro jogo recomeçar, é claro.

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