segunda-feira, 20 de julho de 2009

João e Maria, João sem Maria

Maria andava displicente contornando a floresta, torcendo para que aquela chuva cessasse, na verdade o que mais havia naquela manhã clara era sol, mas ela precisava espairecer sobre a tempestade sonhada na noite anterior, tinha certeza, que já tinha avistado a cena do sonho em algum lugar, já tivera deja vu outra vezes, mas era a primeira vez em que a paisagem do sonho saltava pra realidade. E lá fora ela a procura do lugar, da cabana no qual se refugiara da tempestade surreal com seu alguém a quem decidira dar o codnome de João, não havia nome melhor já que espalhava aquelas migalhas na floresta a fim de não se perder.
João andava exatamente na orla da floresta, sentido oposto, já tinha estado ali mais vezes, mas nunca sozinho, nunca a procura de algo que não tinha certeza se existia, mas se perguntava se a cabana do sonho teria sido a mesma que avistara semanas atrás quando acampava na floresta com alguns amigos, estava indo no sentido do coração da floresta, quando resolveu espalhar alguns pedaços de pão, não podia se dar ao luxo de se perder, e nada mais justo que fazer como na história infantil, no fim ele desejava que os passarinhos comessem as migalhas, pois se encontrasse a cabana, teria certeza, não se preocuparia em achar a caminho de volta, não se ela estivesse com ele, ele lembrava que ela havia dito o nome, nome engraçado aquele pensou, combinava com João, mas ele se esqueceu de dizer seu nome pra ela, de que importava também? Será que ela estaria a sua procura? Será que se lembraria quando acordasse? Será que teria sido somente um sonho, loucura? Ou será que aconteceria o que ele queria ver?
Deram voltas e mais voltas, sempre em sentidos opostos, ela já amava ele, ele já amava ela, ela e ele, se completaram naquele sonho inocente e infantil, desejavam se encontrar, ela espalhavas migalhas e ele também...e as migalhas dela cruzaram com as migalhas dele, mas descartou a possibilidade de serem de outra pessoa as migalhas, com certeza, pensou ela, já devia ter passado por ali. E rodaram a tarde inteira, até que se cansaram, cansaram do amor não desfrutado ainda, cansaram de procurar e não encontrar, desacreditaram no sonho e no amor, acharam que dar vazão a um sonho é se entregar a loucura e acharam que a loucura não valia a pena, nem João nem Maria acharam a cabana, embora eles já tivessem a visto em outras ocasiões, talvez quando o amor brotava dos seus corações, talvez quando acreditavam em eternidade, esqueceram que as coisas acontecem a seu tempo, e saíram da floresta um pra cada lado, voltaram a sua vida normal, e nunca mais sonharam.

escrito em: 12/08/07

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